quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Hoje eu acordei meio totalitário...


Hoje eu acordei meio totalitário, na verdade, para ser mais franco, hoje eu acordei desacreditado nessa ideia de democracia que tentam nos vender.

Será que a voz do povo é mesmo a "voz de Deus"? Porque primeiramente, se a sociedade fosse capaz de se oferecer todas as repostas de forma justa e equilibrada, não precisaríamos de Estado. Então porque essa recorrente e estrondosa forma de se basear todas as decisões de acordo com o que a sociedade quer, se ela não é capaz de oferecer as respostas mais adequadas sozinha?

Essa sociedade egoísta, ignorante e que é ridiculamente manipulada sem exigir muito esforço intelectual por parte de seu ventríloquo – somente uma boa dose de malícia e retórica -. Essa sociedade cega que repete os ditames expostos por emissoras de comunicação, falsos religiosos e políticos eloquentes por pura convicção de que estes falam pelo resto do povo, sem perceber que no fim ela é o povo e na verdade não está falando nada.

Hoje eu acordei me duvidando da possibilidade de concreção de que um dia a sociedade falará por si mesma: será que as pessoas querem pensar? Ou elas querem que alguém pense e fale por elas? Isso nos custa um preço caro, porque esses porta-vozes populares usam como matéria-prima para compor seus argumentos: falácias, mentiras e dados incertos ou completamente inventados. E fazem o que fazem, com a indiscutida defesa e imaculado aval “de todos”, do povo e até de Deus.

Aliás, baseado na minha incredulidade hodierna, eu nem sei se esse pensamento pretensamente produzido pela sociedade seria desejado. Porque o raciocínio advindo de um nível de intelectualidade de uma massa de gente que se deixa enganar e ser guiada tão irrisoriamente fácil não seria proveitoso ou até mesmo frutífero.

Eu ouvi uma frase certa vez, ela dizia que a democracia são dois lobos e uma ovelha decidindo qual será o jantar. Eu espero que amanhã eu acorde com vontade de escolher o jantar de uma outra meneira...

sábado, 12 de junho de 2010

Recomeço

Tudo na vida acaba, até mesmo ela própia. Isso já nos é ensinado - eu diria até lançado e esfregado em nossas faces pela vida - desde pequenos.
Mas, poucas são as coisas que concedemos uma segunda chance, um recomeço.
Um recomeço, nunca terá o caráter extraordinário, surpreendente e excitante do novo. O recomeço nada mais é que um novo começo mais insípido. Ele sempre será expectável, e até mesmo monótono
Mas a expectabilidade tem seus contras e seus pros. Ela fornece segurança daquilo que nos esta sendo apresentado, e permite prever o futuro daquilo que é conhecido. Menos excitação mais estabilidade.
Aqueles com o espírito aventureiro, e com a alma inquieta defendem que a vida é muito curta para empacar na repetição de uma experiência, que existe um leque infinito de oportunidades e sensações a serem experimentadas e testadas. Se põem contra ao recomeço, por pensar não mais valer a pena um caminho conhecido e infrutífero, ou na maioria das vezes, não frutífero suficiente em comparação as possibilidades de outras rotas.
Mas ser surpreendido quanto aquilo que já é esperado não é tremendamente e avassaladoramente (permitam-me a redundância frente tamanha abundância) superior ao invés daquilo que nada se espera?
O porém é que quando nada se espera, a surpresa é constante e quase uma companheira. Quando muito se sabe, e a espera é concreta, ser surpreendido não se pode ser cobrado, pode se tornar inútil e uma infeliz esperança. Uma eterna espera quanto a um redentor que faça tudo valer a pena, mas que pode nunca aparecer.
Por isso o recomeço sempre pede uma aposta alta, ou mais tudo ou menos nada, o recomeço é um voto de confiança a um mesmo caminho, acreditando que ele gerará frutos que nunca gerou. Acusa-se que o recomeço é ato para covardes sem coragem de mergulhar no novo, mas na realidade covardes são aqueles que não são capazes de trilhar uma estrada em que deve se esperar o improvável.